28 de janeiro de 2009

Ah! A juventude

Todo esforço até aquele momento não significava nada se comparado com as trapalhadas que se seguiram, a começar pela montagem das barracas. Duas. Uma sem ferragem que possibilitasse sua montagem, outra sem forro. Mais vinho. Nesse momento a inevitável idéia de dar uma bola, tardia idéia aliás, afinal, natureza, acampamento, um aprendiz de saxofone, fome, luar, garotas interessantes... "-Cadê o brau?" boa pergunta, noite já alta, lua sem ajudar muito, e uma bagunça enorme pra procurar, além das barracas estendidas no chão como colchonetes, impensável montá-las, ao menos não enquanto pensávamos no brau que não aparecia... o toca fitas começa a tocar "Don't let me down" dos Beatles, e um dos gaiatos mandou "Don't let me down/Cadê meu brau?" o saxofonista puxou um som estridente, um dos heróicos mas já finados brothers sacou seu violão e fez-se a versão da música.

continua...

Rodrigo

27 de janeiro de 2009

Continuando...

Pois fez-se necessário então, para fugir da beligerância travestida de bom humor carnavalesco, seguir andando por um caminho que cortava o cerrado, que cortava nossas pernas com arbustos e capins que rasgavam como navalha, arranhavam, mas que o álcool ajudava a esquecer, afinal, heróicos e bravos jovens não são tão frágeis, andariam certamente descalços em um chão em brasas. E parariam pra dar uma mijada! Afinal, pra que servem solas de pés? Depois de atravessar córregos e com o sol já prestes a se por, chegamos enfim a uma clareira, e pusemo-nos, a descarregar bagagem e barracas das costas e braços, todo cuidado com garrafas e latas que repentinamente numa velocidade bem superior começavam a ficar vazias, pois não haveria como mantê-las geladas, pularíamos então, para o vinho das duas jovens senhoritas que nos acompanhavam neste episódio, e nós, cinco garotos arrogantes em nossa inexperiência, atentamos então para a necessidade de montar as barracas, pois escurecia, e não tínhamos lanternas ou os faróis do carro que havíamos deixado para trás... Foi então que já com os ferros de fixar a barraca nas mãos, lembrei do martelo: “Puta qui pariu!!! O martelo do meu velho!!!” jamais voltei a vê-lo, muito menos meu velho soube do ocorrido naquele carnaval.
(continua...)

Rodrigo

20 de janeiro de 2009

Don't Let me Down (cade meu brau?)

Mais uma história baseada em baseados reais...

Acampamento de carnaval e um grupo de adolescentes inabaláveis, inatingíveis, intangíveis e muito irresponsáveis. Tudo pra fugir do sambinha e demais devaneios carnavalescos de quem passa o ano amarrado ao pau da goiabeira, e acha que tem que dar conta em cinco dias de todos seus desvios sexuais, etílicos e demais adictitudes químicas afins, comportamentais, enfim, tem que entornar o balde. Esqueceram-se contudo, os tais adolescentes heróicos, de que o carnaval tem o dom de estragar todos os possíveis lugares legais no seu intervalo de ocorrencia, o que os fez aprofundar muito trilha adentro, pois que o carnaval havia se instalado no melhor e mais fácil lugar de se acampar. O cheiro de miojo pairava no ar, um ébrio cambaleante vem pedir um martelo emprestado, enquanto eu, obviamente ébrio também, emprestava a ferramenta tentando lembrar de onde havia aparecido aquele martelo no porta malas do fusca, nunca o havia visto... Todo ser humano tem em seu tempo de existencia algo que deponha de forma incontestável contra sua postura ética, talvez todo ser humano não... quem sabe a bailarina... talvez. Não gosto da peremptoriedade. Ela induz ao erro ou ao paradoxo existente no paralelo sempre/nunca. De uma forma ou de outra, a imperatividade obtusa nao se sustenta, a cinética dos tempos e movimentos, subliminar, não mensurável. Quem sabe? Aliás, quem sabe bem o que mesmo? Ou como diria Raul Seixas: "O que é que a ciencia tem? Tem lápis de calcular! Que mais a ciencia tem? Borracha pra depois apagar!"
Continua...
Rodrigo

6 de janeiro de 2009

vive atrás de víveres
sem ver
que víveres for you
é veneno p'ra você

Rodrigo

Você bebe?

Belo Horizonte, 7 de março de 2005.

“-Você bebe?”.
A pergunta deixou-me a duvidar da competência do médico que havia procurado, não obstante fosse eu a seus olhos, alguém que naquele momento, representasse apenas mais um mero leigo e desconhecido. O que me encabulava de fato, era que mesmo eu, que à época andava largado ao sabor dos delírios alcoólicos, portanto com o olfato já habituado ao odor que exalava de meus poros, sentia com nitidez neste odor azedo, intrusivo e enfaticamente desrespeitoso de álcool metabolizado por minhas entranhas, e produtor final de um suor amarelado que imprimia inconvenientes manchas em fronhas e lençóis onde descansava desleixadamente o corpo.

Esse pequeno trecho ocorreu em um dos dias que antecederam a um período de tempo em minha vida, aliás um período considerável dela, em que saí de um extremo, aquela circunstância, e muito além dela,meu comportamento compulsivo e exagerado, enfim, estava completamente envolvido pelo álcool , o tipo de adicto que não concebe períodos muito além de uma hora de espaço entre uma ração e outra de destilado. É involuntário, o organismo determina, afinal, ainda que sendo o veneno, é também o antídoto, o que dificulta muito os primeiros dias de abstinência para o tipo de alcoólico que sou (inativo atualmente), encontrava-me em um estágio, onde acordava no meio da noite, e se não houvesse em casa nenhuma espécie de bebida destilada, minha bebida era vodca, procurava ter sempre uma garrafa no congelador com ao menos cinco doses, algumas vezes recorria ao barril, ou carote, como se diz em algumas regiões de Minas Gerais, de cachaça artesanal, no entanto apesar da qualidade, atacava-me o estômago, e seu odor forte por vezes causara-me náuseas, o mais natural era sair andando até um restaurante das cercanias que ficava aberto até de manhã, e beber minhas doses para poder voltar e dormir mais algumas horas. Mas enfim, esse contexto já se alterou e voltou a alterar, à medida que rompia e inaugurava novos ciclos em minha vida, que me punham a passar por altos muito elevados, e baixos muito profundos, enveredando por experiências que promovem um difícil aprendizado, que muitas vezes parece totalmente inútil.

Rodrigo
Há males que vem para o mal.
Há males que nem vem...
Embora neles não creia,
particularmente prefiro,
os ditos “males que vem para o bem”.

Rodrigo
Comigo é sempre assim
Sina de autodidata
É ir acertando os tiros
Que saem pela culatra...


Rodrigo

3 de janeiro de 2009

Ah! A praga da divagação monotemática e da inconclusividade patológica.


Venho ultimamente, tentando argumentar meus pontos de vista, acerca das relações humanas e dos grandes paradoxos aos quais presenciamos, pelo simples fato de existirmos, durante esse período de tempo, enquanto estamos vivos neste planeta terra. Além das informações advindas de referências passadas, às quais tivemos acesso através de fontes documentais, ou pela transmissão consuetudinária, perdendo, portanto, considerável parcela, de um tempo irreconstituível, mas de inquestionável relevância, até por ser cronologicamente anterior aos demais contextos vindouros.

Pois bem, venho com isso, tratando de tentar amenizar meu estigma de maluco desnorteado, e vou tagarelando acerca de minha impressão sobre os fatos que vivenciamos, todos nós, como o desafortunado amigo que estiver presente e penitenciando-se com a leitura deste texto. Atitude que vem dia a dia, ou me complicando mais as idéias, ou aprofundando mais o estigma que desejo amenizar, ou, se possível, fazer sumir, pois ainda que pareçam confusas, algumas de minhas divagações tem me ajudado a ver algum sentido na vida.

Dias atrás, comecei a colocar a seguinte questão a várias pessoas, algumas das quais nem conhecia: “Vocês acreditam ser importante pensar? Ainda que o ‘pensar’ a que me refiro, possa parecer aos olhos do senso comum, insano, improfícuo ou desnecessário, mas ainda assim, seja o fruto da tentativa de não ser, apenas mais um mero observador resignado e apático, frente ao mundo em que vivemos. Aquele sujeito que fica esperando o novo modelo do carro tal, ou o próximo capítulo da novela, futebol... mesmo que este pensar a que me refiro, possa também englobar tais assuntos, mas com uma visão crítica capaz de trazer mais racionalidade ao nosso mundo?”. Não obtive nada além de expressões confusas, que pareciam me olhar, como se olhassem a um fugitivo da ala de alta periculosidade de um manicômio judiciário.

Pois que este blog não tem meta, é apenas um lugar onde possa aliviar meu confuso sótão, minha personalidade que insiste no martírio, e sem entender sofre, mas saboreia momentos que pagam o preço, conhece lugares de difícil acesso, para poucos loucos. Não que não deseje que compartilhem, apesar de saber isso um tanto improvável, considerando que muitos blogs de qualidade e conteúdo estão aí, jogados às traças sem que despertem interesse em ninguém. Mas não sou vaidoso, e pretendo aqui como que decorar meu quarto, com meus interesses diversos. Desta forma me apresento.

Rodrigo Engel de Souza