22 de abril de 2009

Lembrando os dizeres de um finado amigo...

"Faz a cabeça, quem tem cabeça. Quem não tem cabeça só faz merda."

In Memorian
*Messias, vulgo Canela, Cecé, grande guitarrista.

13 de abril de 2009

12 de abril de 2009

Na rodoviária em algum dia do ano de 2003.



Cheguei correndo, um pouco atrasado. Desci pelas escadas rolantes em meio à multidão de trabalhadores, bêbados, miseráveis, cambistas, traficantes e vendedores de tudo que se possa imaginar. Lembrei de um comentário de um dos meus colegas de infortúnio, que resignadamente incomodado dizia: “Esse lugar agride boa parte, se não, a totalidade dos sentidos...”. Era mais ou menos como me sentia. Agredido. No entanto, esforçava-me para não deixar-me abater.
Por vezes lembro-me de filmes que já vi, sobre momentos históricos de escassez, miséria, fome, desemprego. Filmes a que se assiste com lágrimas e revolta, que retratam guerras e situações de sobrevivência em sociedade, extremadas pela escassez de recursos de subsistência.
Viver em um país de terceiro mundo eternamente em desenvolvimento, assistindo a paradoxos sociais e morais, é pior que qualquer retratação dramática de uma situação similar. Conviver com o descaso que resta aos excluídos, descaso esse em volume colossal e vindo das autoridades bancadas por qualquer cidadão que da sarjeta acenda um cigarro com um fósforo, ainda que cedidos por alguém, considerando que os mencionados produtos são, por lei, taxados com impostos denominados por siglas, letras, de forma a desestimular quem porventura se preocupe em entender o que está pagando, qual porcentagem do valor pago é subtraída e que de fato acaba por pagar a boa vida dessas criminosas autoridades, enquanto a vala comum vai enchendo com os condenados pobres diabos que tiveram a má sorte de estar em lugar e momento errados. Bem, essa situação acaba por dar um nó na cabeça de quem também necessita praticar a arte da sobrevivência no mondo cane, uma vez que ninguém lhe dará nada por seu jeito de boa pessoa ou seus belos olhos caso os tenha, e são muitas as necessidades do humano terráqueo.
Mas voltando ao local onde exercia nessa época, minhas atividades de funcionário do Estado, eis que por fim chego. O destino? Uma pequena saleta de vidros, como uma espécie de aquário, ou redoma, onde parecemos mesmo animais em exposição, rodeados pela platéia mais bizarra que se possa imaginar, e que em determinados momentos entram em cena participando do show de horrores conosco, burocratas em nossas patéticas atividades rotineiras. Nossa função? Explicar o inexplicável. Suavizar a desgraça da realidade com respostas que não convencem nem a nós, e que ao sujeito humilde, pode suscitar expectativas que possivelmente jamais se concretizarão.
Naquele tumulto, reparo os detalhes, observo as pessoas no seu vai e vem. Vejo pés. Milhares de pés, conjuntos e mais conjuntos de ambulantes, muletas, bengalas, sapatos, pés descalços, deformidades físicas provocando náuseas e compaixão. Muita resignação contida em sorrisos banguelas de rostos marcados pelo sofrimento e pela dor. Gente que toca a vida aos trancos e barrancos, e encontrando alívio no amargo remédio da ignorância e do desconhecimento, que os coloca ainda como alvo das raposas parasitas da pobreza e de suas agruras, travestidos de empresários das religiões e igrejas que na verdade, são verdadeiros balcões de negócios para o trato de assuntos divinos pagos com dinheiro mundano, incompreensivelmente sem fins lucrativos, de quem se encontra em tamanha descrença, apostando tudo para amenizar o calvário diário do qual não vê saída.
Mantenho-me ali, numa quietude de metabolismo basal, atento para não voltar aos demais emaranhados de relações humanas, um olhar/estar crítico, rico em associações, dissociações e demais articulações especulativas, enquanto a massa humana espera o próximo ônibus.

Rodrigo

Algum dos confusos dias de 2003

Chovia muito naquela manhã. Bastava debruçar a vista pelo parapeito da janela para constatar que a umidade relativa mostrava-se absoluta, provocando aquele desejo voraz de manter-me inerte, prostrado na cama, esparramado na horizontal com zilhões de dúvidas fúteis na cabeça que englobavam desde questões do tipo se levanto e vou ao banheiro ou “Se tivesse disposição de ir à cozinha, o que poderia comer?”, “Ligar pra quem mesmo?” ou “Sair pra quê?”. Pouco dinheiro na carteira, certamente menos na conta bancária. Não às preocupações mundanas! Dinheiro pra quê? Hay que endurecer, pero donde está La plata? Ah! Vontade de nada. Talvez alguns daqueles comprimidos laranja me ajudassem a anular tanta indecisão desse momento, ou quem sabe, anular esse dia já nulo na origem. Uma comiseração dos pobres diabos que trabalhavam naquela manhã que me leva naturalmente à constatação de que sempre há uma realidade pior que a minha. Egoísta, crápula!
Passava das onze. Melhor tomar um banho... (boa desculpa pra meditação herboestimulada).
Após o ritual amaldiçoado pela ignorância, já não recordava de minha convicção imediatamente anterior. Melhor derreter embaixo de uma ducha quente, num banheiro enevoado pelo vapor d’água. Água quente, começo instintivamente a fazer a barba.
Barba feita, banho tomado, demorado, umidade pra lá de absoluta agora no banheiro. Espelho embaçado. Devo deitar-me de novo? Primeiro um copo d’água, nesse caso o mais gelada possível. Esses dias sem beber tem-me confundido bastante. Antes era tudo tão fácil... um esquema matemático do tipo: acordar = ressaca = água gelada = tropismo etílico = botequim pé sujo = três doses de vodca = I’m haaaaappyyyy againnnnnn!!! Já não sou mais assim. Já não é mais tão fácil. De fato, hoje vario entre dúvidas e desespero...
Rodrigo

Alle Scheisse!


Brasília, 12 de abril de 2009.


É fato que às vezes cansa não saber. Inteligente fosse, contentar-me-ia em muito antes da ansiedade pelo desejo de saber, simplesmente não quisesse. Cada dia venho acreditando mais e mais, que por mais que um querer qualquer pode ser, e não raro é, completamente independente do puro desejo de qualquer indivíduo, vejo-me às voltas com um querer tão estupidamente infantil, totalmente avesso a qualquer razoabilidade, que a carapuça do mimo e capricho insensato, e que acarreta em um eterno auto atentado, que afasta-me mais e mais de meus objetivos práticos, cabe não como uma luva, mas como carapuça que é.
Devo lembrar que “pensar dói!”. Mas até para chegar a essa pérola razoável do ser humano dotado de raciocínio, como a própria expressão deixa evidente, é necessário pensar. E cá estou novamente dando voltas que acabam levando-me a atalhos antípodas de onde desejo chegar, e aí lembro que talvez não tenha planejado chegar a lugar algum, não obstante seja necessário um empurrão, uma porrada, um murro bem dado na boca do estômago, pra sair da estagnação que corrói.
Inércia é o caralho! Não tenho desejo de ficar inerte, e logo concluo que essa ânsia pela cinética, pela dinâmica, pelo movimento que expanda mais os panoramas, horizontes, circunstâncias e conduza aos limites antagônicos do conforto e do desconforto, são manifestações impensadas e totalmente recheadas de insegurança, temor e imaturidade.
Chega de mim!

Rodrigo

2 de abril de 2009

Drivers e Plugins

E ao fim
Quando da saída
Não esqueça de limpar
Senhas e
Apelidos dos
Logins

Não deixa rastro
Nã0 facilita
Tem gente
Que não preza o seu jeito
Prega na igreja
É mesmo prego
Cabeça dura
Em qualquer lugar que seja

Tem mesmo quem esteja
Incomodado com sua paz
Empenhado em sua derrota

Desvia
Esquiva se puder
Caso não seja possível
Enfrenta a inveja
Que nem você vê o motivo
O "por quê?"
E deixa o veneno
Dessa peçonha
Bem longe de você