31 de julho de 2009
Texto de uma colaboradora anônima
Janelas D'alma
De "Memórias Esdrúxulas"
Se dizem
que os olhos são as janelas da alma
não olhe em meus olhos
a menos que esteja preparado
para adentrar em minh'alma
Estas janelas estarão
sempre bem abertas
como as asas de um pássaro
que mergulha de ponta-cabeça no oceano
em busca de seu alimento
Alimento melhor pra alma
que aventurar-se no desconhecido?
Descobrir a cada milésimo de segundo um caminho
que leva ao centro do labirinto
Sem medo de se arranhar
sem medo da queda
se projetar ao abismo
Com o coração
Batendo em disparada
apenas sensações insanas
sem a racionalidade dos medrosos
Irracional como o amor
verdadeira aventura
destinada somente aos que tem coragem
de andar, correr, voar, mergulhar, cair
sem medo de se estabacar
E se machucar?
Ah, não vai sangrar tanto
e depois vai cicatrizar
E olhe novamente para o labirinto dos meus olhos
deixe-se perder no meu olhar insano
não vou profanar o seu amor
mas quero mergulhar no seu profano
Com as janelas abertas e sem pudor
a alma se projeta no abismo
em busca do grande alimento
aventuras, sensações...
e outras janelas abertas para adentrar
e outras janelas abertas para adentrar
"When the going gets weird, the weird turn pro" H. Thompson
Casquinhas de leprosos al dente, pústulas em erupção como bisnagas de maionese para uso em culinária. Plasma e glóbulos de baixa coagulação e vísceras extirpadas cirurgicamente para o recheio de morcelas (produto misto de sangue e miúdos humanos vistoriados pela vigilância sanitária, tendo estampado o selo de qualidade na mercadoria oriunda de sobejos hospitalares). Bile para ajudar na digestão. Não! Não é ladainha de chef. Não é o belo e ‘delicado da vida’, não é uma sublime receita gastronômica. É agonia de enfermo, vômito de bêbado, escarro de tuberculoso. Uma cor verde morta, um pouco arroxeada e metálica, com um brilho tão somente reproduzível pelo laboratório metabólico humano. Patologias tão asquerosas que abotoam o estômago de um avestruz, e que fazem refém um corpo que agoniza tomado por feridas expostas, hematomas, pus, palidez e mau cheiro.
Poderia seguir a narrativa como se estivesse a montar uma lasanha. Alternando e sobrepondo ingredientes. Mas acredito que a boa trama, certamente não se compõe apenas de ingredientes vicejantes e saborosos. Distante disso, agrega temperos indigestos também. Alguns intragáveis até. De dar náusea. Isso enriquece o resultado. Expõe as diversas facetas do contexto. Já na cozinha, somente se atreva se apreciar o ofício, contar com bons ingredientes, escolhidos um a um, de qualidade evidente, e obviamente, das ferramentas e espaço necessários à execução prática da arte culinária. Essa combinação tem boas probabilidades de sucesso.
Já não sei mais se ando sendo muito... Eu mesmo. Algo do tipo: “o que ando fazendo, que considero importante?” ou ao menos: “o que estou fazendo por mim?”. Bom, sei que ando tentando não apagar. No sentido de não ‘abotoar o paletó de madeira’, ‘comer capim pela raiz’, ‘pegar o bonde pra terra dos pés juntos’. E, nesse sentido, constato que é comendo pelas beiradas que se nada de braçada, e nada como um tempo após um contratempo, como sabiamente cantou Julinho de Adelaide.
Tenho considerado as manhãs desse atual contexto pelo qual passo, um tanto complexas. Sinto mesmo uma dificuldade ao acordar pela manhã, e tomar pé da situação, ir atrás do leão diário que se mata para se manter vivo. Vou buscando as referências, minhas coordenadas, me estendo um pouco mais à cata de motivos pra não ficar ansioso e entrar naqueles estados depressivos de olhares perdidos no espaço, sem foco em nada aparente, e de um fustigante e paralisante vazio existencial.
Rodrigo
Poderia seguir a narrativa como se estivesse a montar uma lasanha. Alternando e sobrepondo ingredientes. Mas acredito que a boa trama, certamente não se compõe apenas de ingredientes vicejantes e saborosos. Distante disso, agrega temperos indigestos também. Alguns intragáveis até. De dar náusea. Isso enriquece o resultado. Expõe as diversas facetas do contexto. Já na cozinha, somente se atreva se apreciar o ofício, contar com bons ingredientes, escolhidos um a um, de qualidade evidente, e obviamente, das ferramentas e espaço necessários à execução prática da arte culinária. Essa combinação tem boas probabilidades de sucesso.
Já não sei mais se ando sendo muito... Eu mesmo. Algo do tipo: “o que ando fazendo, que considero importante?” ou ao menos: “o que estou fazendo por mim?”. Bom, sei que ando tentando não apagar. No sentido de não ‘abotoar o paletó de madeira’, ‘comer capim pela raiz’, ‘pegar o bonde pra terra dos pés juntos’. E, nesse sentido, constato que é comendo pelas beiradas que se nada de braçada, e nada como um tempo após um contratempo, como sabiamente cantou Julinho de Adelaide.
Tenho considerado as manhãs desse atual contexto pelo qual passo, um tanto complexas. Sinto mesmo uma dificuldade ao acordar pela manhã, e tomar pé da situação, ir atrás do leão diário que se mata para se manter vivo. Vou buscando as referências, minhas coordenadas, me estendo um pouco mais à cata de motivos pra não ficar ansioso e entrar naqueles estados depressivos de olhares perdidos no espaço, sem foco em nada aparente, e de um fustigante e paralisante vazio existencial.
Rodrigo
29 de julho de 2009
RESIGNAÇÃO
Adeus! é o meu suspiro derradeiro!
É a última ilusão que me embebia!
Apagou-se-me o sol das esperanças
E veio a noite sepulcral sombria...
Adeus..., perdoa a um doido apaixonado
Uma hora de ilusão e de delírio:
Era fatalidade. Após um sonho
Veio a c’roa da dor e do martírio!
Se ao hálito fatal da desventura
Emurcheceu a flor dos meus afetos,
Se não pousaste em minha fronte ardente
Amorosa uma vez teus olhos pretos;
Não te crimino, não; teu culto é livre.
Viver nas ilusões é minha sina:
Não fui fadado p’ra banhar meus lábios
Nos raios dessa fronte peregrina!
Machado de Assiss
Adeus! é o meu suspiro derradeiro!
É a última ilusão que me embebia!
Apagou-se-me o sol das esperanças
E veio a noite sepulcral sombria...
Adeus..., perdoa a um doido apaixonado
Uma hora de ilusão e de delírio:
Era fatalidade. Após um sonho
Veio a c’roa da dor e do martírio!
Se ao hálito fatal da desventura
Emurcheceu a flor dos meus afetos,
Se não pousaste em minha fronte ardente
Amorosa uma vez teus olhos pretos;
Não te crimino, não; teu culto é livre.
Viver nas ilusões é minha sina:
Não fui fadado p’ra banhar meus lábios
Nos raios dessa fronte peregrina!
Machado de Assiss
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