"A arte é longa, a vida é curta, e o sucesso fica longe demais".
- Joseph Conrad
Bem... sim, aqui vamos nós de novo.
Mas, antes de passarmos à Obra, como se diz, quero ter certeza de que sei lidar com esta elegante máquina de escrever - (e, sim, parece que sei) -, então por que não fazer uma lista rápida dos trabalhos da minha vida e aí cair fora desta cidade no vôo das 11h05 para Denver? Realmente. Por que não?
Mas eu gostaria de dizer, para que fique permanentemente registrado, que é uma sensação muito estranha ser um escritor americano de 40 anos de idade neste século, sentado neste enorme prédio da Quinta Avenida em Nova York, a uma da manhã na antevéspera do Natal, a 3200 quilômetros de casa, compilando um sumário para um livro de minhas próprias Obras Reunidas num escritório com uma porta de vidro alta que leva a um grande terraço com vista para a Plaza Fountain.
Muito estranho.
Sinto-me como se pudesse muito bem estar aqui talhando as palavras da minha própria lápide... e, quando eu acabar, a única saída apropriada será de cima desse maldito terraço direto para dentro da fonte, 28 andares abaixo e pelo menos 180 metros de queda livre sobre a Quinta Avenida.
Ninguém entenderia tal atitude.
Nem mesmo eu... e na verdade a única maneira com que consigo lidar com essa situação sinistra é decidir conscientemente que já vivi até o final a vida que planejava viver - treze anos a mais, na verdade - e que de agora em diante tudo será Uma Nova Vida, uma coisa diferente, um acontecimento que termina hoje à noite e começa amanhã de manhã.
Então, se eu decidir pular na Fonte quando terminar este memorando, quero deixar bem clara uma coisa: eu sinceramente adoraria dar esse salto. Se não o der, sempre vou considerar isso um erro e uma oportunidade perdida, um dos poucos erros graves da minha Primeira Vida que agora termina.
Mas e daí? Eu provavelmente não vou fazer isso (por todos os motivos errados), e provavelmente vou terminar esse sumário, ir pra casa comemorar o Natal e ter que conviver por mais cem anos com toda essa maldita baboseira que estou reunindo.
Mas, Jesus, seria uma maneira maravilhosa de sair fora... e, se eu fizer isso, seus filhos-da-mãe, vocês estarão me devendo uma saudaçãp infernal com uma pistola 44 (essa palavra era "saudação", porra - e acho que não consigo lidar com essa elegante máquina de escrever tão bem como imaginei)...
Mas você sabe que eu poderia se tivesse um pouco mais de tempo.
Certo?
Sim.
Mas, antes de passarmos à Obra, como se diz, quero ter certeza de que sei lidar com esta elegante máquina de escrever - (e, sim, parece que sei) -, então por que não fazer uma lista rápida dos trabalhos da minha vida e aí cair fora desta cidade no vôo das 11h05 para Denver? Realmente. Por que não?
Mas eu gostaria de dizer, para que fique permanentemente registrado, que é uma sensação muito estranha ser um escritor americano de 40 anos de idade neste século, sentado neste enorme prédio da Quinta Avenida em Nova York, a uma da manhã na antevéspera do Natal, a 3200 quilômetros de casa, compilando um sumário para um livro de minhas próprias Obras Reunidas num escritório com uma porta de vidro alta que leva a um grande terraço com vista para a Plaza Fountain.
Muito estranho.
Sinto-me como se pudesse muito bem estar aqui talhando as palavras da minha própria lápide... e, quando eu acabar, a única saída apropriada será de cima desse maldito terraço direto para dentro da fonte, 28 andares abaixo e pelo menos 180 metros de queda livre sobre a Quinta Avenida.
Ninguém entenderia tal atitude.
Nem mesmo eu... e na verdade a única maneira com que consigo lidar com essa situação sinistra é decidir conscientemente que já vivi até o final a vida que planejava viver - treze anos a mais, na verdade - e que de agora em diante tudo será Uma Nova Vida, uma coisa diferente, um acontecimento que termina hoje à noite e começa amanhã de manhã.
Então, se eu decidir pular na Fonte quando terminar este memorando, quero deixar bem clara uma coisa: eu sinceramente adoraria dar esse salto. Se não o der, sempre vou considerar isso um erro e uma oportunidade perdida, um dos poucos erros graves da minha Primeira Vida que agora termina.
Mas e daí? Eu provavelmente não vou fazer isso (por todos os motivos errados), e provavelmente vou terminar esse sumário, ir pra casa comemorar o Natal e ter que conviver por mais cem anos com toda essa maldita baboseira que estou reunindo.
Mas, Jesus, seria uma maneira maravilhosa de sair fora... e, se eu fizer isso, seus filhos-da-mãe, vocês estarão me devendo uma saudaçãp infernal com uma pistola 44 (essa palavra era "saudação", porra - e acho que não consigo lidar com essa elegante máquina de escrever tão bem como imaginei)...
Mas você sabe que eu poderia se tivesse um pouco mais de tempo.
Certo?
Sim.
HST n° 1 , R.I.P.
23 de dezembro de 1977.
23 de dezembro de 1977.
*Digitado da Nota do Autor (1), do livro "A Grande Caçada aos Tubarões"/ Hunter S. Thompson ; tradução Camilo Rocha. São Paulo : Conrad Editora do Brasil, 2004. págs. 9 e 10.
CERtISSÍMO.....E phodase a nova acentuação grafica!!!
ResponderExcluirfaço minhas as palavras do hunter.....
pena que ainda estamos em agosto....p o natal ainda faltam 4 meses...quem sabe daqui ate la....
nuam mude de ideia!
Bom, consideremos que o então natal porvir, foi o de 1977, e Mr. Raoul Duke não deu o tal pulo na fonte 28 andares abaixo, mas exerceu o gesto que, em sua forma coerente e isenta de moralismos, parece ser, sem dúvida, o mais extremo dentre nossos arbítrios. Sugiro que se aconselhe com meu advogado samoano se for fazer alguma besteira, Rudy.
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