12 de abril de 2009

Algum dos confusos dias de 2003

Chovia muito naquela manhã. Bastava debruçar a vista pelo parapeito da janela para constatar que a umidade relativa mostrava-se absoluta, provocando aquele desejo voraz de manter-me inerte, prostrado na cama, esparramado na horizontal com zilhões de dúvidas fúteis na cabeça que englobavam desde questões do tipo se levanto e vou ao banheiro ou “Se tivesse disposição de ir à cozinha, o que poderia comer?”, “Ligar pra quem mesmo?” ou “Sair pra quê?”. Pouco dinheiro na carteira, certamente menos na conta bancária. Não às preocupações mundanas! Dinheiro pra quê? Hay que endurecer, pero donde está La plata? Ah! Vontade de nada. Talvez alguns daqueles comprimidos laranja me ajudassem a anular tanta indecisão desse momento, ou quem sabe, anular esse dia já nulo na origem. Uma comiseração dos pobres diabos que trabalhavam naquela manhã que me leva naturalmente à constatação de que sempre há uma realidade pior que a minha. Egoísta, crápula!
Passava das onze. Melhor tomar um banho... (boa desculpa pra meditação herboestimulada).
Após o ritual amaldiçoado pela ignorância, já não recordava de minha convicção imediatamente anterior. Melhor derreter embaixo de uma ducha quente, num banheiro enevoado pelo vapor d’água. Água quente, começo instintivamente a fazer a barba.
Barba feita, banho tomado, demorado, umidade pra lá de absoluta agora no banheiro. Espelho embaçado. Devo deitar-me de novo? Primeiro um copo d’água, nesse caso o mais gelada possível. Esses dias sem beber tem-me confundido bastante. Antes era tudo tão fácil... um esquema matemático do tipo: acordar = ressaca = água gelada = tropismo etílico = botequim pé sujo = três doses de vodca = I’m haaaaappyyyy againnnnnn!!! Já não sou mais assim. Já não é mais tão fácil. De fato, hoje vario entre dúvidas e desespero...
Rodrigo

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