16 de novembro de 2010

José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922 — Tías, Lanzarote, 18 de Junho de 2010).


Fragmentos extraídos do 'Ensaio sobre a Lucidez'

"Aqui, cada um com seu desgosto e todos com a mesma pena."

"...é o que as palavras simples têm de simpático, não sabem enganar."

"O código genético disso a que, sem pensar muito, nos temos contentado em chamar natureza humana, não se esgota na hélice orgânica do ácido desoxirribonucléico, ou DNA, tem muito mais que se lhe diga e muito mais para nos contar, mas essa, por dizê-lo de maneira figurada, é a espiral complementar que ainda não conseguimos fazer sair do jardim de infância, apesar de multidões de psicólogos e analistas das mais diversas escolas e calibres que têm partido as unhas a tentar abrir-lhe os ferrolhos."


Fragmentos extraídos do 'Ensaio sobre a Cegueira'

"Foi trabalhoso abrir a cova. A terra estava dura, calcada, havia raízes a um palmo do chão. Cavaram à vez o motorista, os dois policiais e o primeiro cego. Perante a morte, o que se espera da natureza é que percam os rancores a força e o veneno, é certo que se diz que o ódio velho não cansa, e disso não faltam provas na literatura e na vida, mas isto aqui, a bem dizer, não era ódio, e de velho nada, pois que vale um roubo de um automóvel ao lado do morto que o tinha roubado, e menos ainda no mísero estado em que se encontra, que não são precisos olhos para cavar mais fundo que três palmos."

"Cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança."

"Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos, façamos tudo para não viver inteiramente como animais."

"Sem futuro, o presente não serve para nada, é como se não existisse. Pode ser que a humanidade venha a conseguir viver sem olhos mas então deixará de ser humanidade."

"O mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos."

"A maior dificuldade para chegar a viver razoavelmente no inferno é o cheiro que lá há."

"Perguntar de que morreu alguém é estúpido, com o tempo a causa esquece, só uma palavra fica, Morreu"

"Na morte a cegueira é igual para todos."

"Quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos."

"O costume de cair endurece o corpo, ter chegado ao chão, só por si, já é um alívio, Daqui não passarei."

"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa somos nós"

http://pt.wikiquote.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago

Imagem:

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Saramago_by_bottelho.jpg


Link para o texto: Este mundo da injustiça globalizada, de José Saramago, no Domínio Público:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=307

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