21 de dezembro de 2010

Frank Vincent Zappa (21 de Dezembro de 1940, Baltimore — 4 de Dezembro de 1993, Laurel Canyon, Los Angeles).











Frank Zappa é, com certeza, um dos artistas mais importantes do movimento progressivo. Além de ter sido um dos pioneiros na mescla do rock com outras correntes musicais, foi também o mais ousado. Zappa compôs temas fundamentados em tudo o que se fez, praticamente, em matéria de som no século XX: jazz, eletrônica, concretismo, minimalismo, música oriental, percussão, e muito mais. Além disso, tem sido um guitarrista notável, inovador por excelência.

Comparando-o com tudo que está escrito nos demais capítulos, só não me recordo de ter visto em suas músicas o misticismo (tal qual o do Peter Hammill, ou do Daevid Allen). Existe um outro fator que precisa ser bem ressaltado: o Zappa sempre foi um músico crítico e irreverente, tendo muitas vezes a coragem de ridicularizar tanto a sociedade norte-americana, quanto o rock em si. Em função de tamanho ecletismo, faço questão de deixar bem estampado que é, praticamente, impossível escrever sobre tudo que esse monstro sagrado da música contemporânea fez. Todas as páginas deste livro seriam poucas para dar uma visão aproximada de metade de sua obra. Assim sendo, conduzirei o texto até aproximadamente o final dos anos sessenta, enfocando sua carreira juvenil e com os primeiros membros dos Mothers Of Invention, sua mais famosa banda.

Frank nasceu Francis Vincent Zappa Jr., em Baltimore, Maryland, no dia 21 de dezembro de 1940. Filho de uma família de origem greco-siciliana, é o mais velho entre os quatro filhos que o casal teve. Seu interesse musical foi despertado muito cedo, levando-o a iniciar com a bateria, por volta dos doze anos (alguns historiadores já citaram que chegou a integrar um conjunto com o nome The Ramblers, formado na escola em que freqüentava). Passou a se interessar pela guitarra depois de ouvir muito rhythm & blues, em particular um tal Guitar Slim (a primeira guitarra que passou por suas mãos foi comprada pelo irmão Robert, pela bagatela de um dólar e meio).

Durante os anos cinqüenta, sua família se mudou para Lancaster, Califórnia, indo morar num lugar chamado Antilope Valley. Foi ali mesmo que formou sua primeira banda de caráter profissional (ou quase), em 1956, utilizando uma guitarra alugada. Nome do conjunto: The Blackouts. Pouco tempo depois, Frank já pôde comprar sua própria guitarra: uma Fender jazzmaster.

Ainda muito jovem, iniciou a apreciar a música de vanguarda, em particular aquela feita pelo compositor Edgar Varese, radicado nos E.U.A,. Certa ocasião, Frank até trocou correspondência com o grande músico (isso aconteceu quando o guitarrista ainda era desconhecido).

A primeira obra de que se tenha notícia que o Zappa compôs foi a trilha sonora do filme "Run Home Slow", produzido em 1959 por seu professor de inglês do ginásio (há autores que citam o filme com data de 1963; vide comentário a seguir). No início da década de sessenta, em Ontario, Frank formou o grupo The Boogie Men (ele sempre contou à imprensa que a banda era tão desprovida de recursos, que nem podia dar-se ao luxo de ter um baixista). Foi ainda em Ontario, com vinte e um anos de idade, que escreveu a trilha sonora para o filme "The World's Greatest Sinner", lançado em abril de 1962. (Em fevereiro de 1983, Zappa contou à revista Down Beat que foi com o dinheiro recebido por "Run Home Slow" que comprou uma guitarra Gibson ES-5 (aquela semi-acústica com que aparecia em inúmeras fotos do início da carreira), bem como um estúdio de gravação em Cucamonga. Por outro lado, num livreto intitulado "Ten Years On The Road With Frank Zappa" (encontrado numa caixa contendo dez discos piratas) há uma reprodução do contrato de compra do estúdio, datado de 01 de agosto de 1964. Isso me faz crer em algumas hipóteses:

a) o dinheiro veio da trilha do "World's Greatest Sinner", que além de
ter sido feito em 1962, obteve repercussão comercial;
b) nem o próprio Zappa sabe reconstituir seu próprio passado;

c) o Zappa não gosta desse período de sua vida, e por isso dá infor-
mações aleatórias, visando confundir as coisas;

d) Norbert Obbermanns, considerado um dos maiores historiadores
da vida do Zappa, se enganou quando citou "Run Home Slow"
como um trabalho de 1959, em seu livro "Zappalog".)

Em 1963, quando o Cucamonga Recording Studio ainda não lhe pertencia, Zappa gravou nele algumas faixas com um conjunto chamado Soots, onde também atuava Don Van Vliet (a quem o Frank apelidou de Captain Beefheart). Essas faixas foram oferecidas para a etiqueta Dot Records, que recusou-as, alegando que "a guitarra estava muito distorcida". No mesmo estúdio, o guitarrista iniciou uma prática que o colocou numa fria: passou a transacionar filmes e fitas pornográficas. Resultado: dez dias de cadeia, além de muita amolação. Nesse mesmo período, fazia parte de um trio chamado The Mutters, com quem defendia algum dinheiro para se manter (vale ainda mencionar que integrou uma banda com o nome Joe Perrino & The Mellotones, com finalidades análogas; penso que isso tenha ocorrido um pouco antes dos Mutters).

Ainda em 1963, sem Beefheart, passou a integrar um conjunto com o nome Soul Giants, com Roy Estrada (baixo), Jim Carl Black (bateria), Ray Collins (vocal), e David Coronado (saxofone). Aos poucos, Zappa induziu a banda à anarquia e baderna, configurando um estado de total irreverência aos valores norte-americanos. Nessa época, já havia também mudado o nome da banda para Captain Glasspack & His Magic Mufflers. Coronado não gostou dessas mudanças, e partiu. Foi então que a banda passou a se chamar The Mothers, registrando a passagem de alguns guitarristas (Alice Stuart, Henry Vestine, Steve Mann, e James William Guercio). O sucessor efetivo de Coronado acabou sendo o guitarrista Eliot Ingber, que apareceu no primeiro álbum dos Mothers, ao lado de Frank, Jim, Roy, Ray. O álbum era "Freak Out" (o primeiro disco duplo da história do rock), lançado pela MGM em agosto de 1966. A gravadora achou por bem rebatizar a banda como Mothers Of Invention, e assim ficou.

Em maio de 1967, com o time aumetado para um octeto Zappa, Collins, Black, Estrada, mais Billy Mundi (bateria), Don Preston (teclados), Bunk Gardner (sopros), e Jim "Motorhead" Sheerwood (guitarra), os Mothers lançaram o disco que marcaria o início de uma nova fase na banda: "Absolutely Free". A principal característica desse período (que se estendeu, praticamente, até os dias de hoje) foi a diversificação instrumental.

http://www.mpq.com.br/rockprogressivo/index.php

/Frank_Zappa_%26_Mothers_of_Invention



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