10 de outubro de 2011

Longo é o caminho, maiores as sequelas.


Não era apenas evidente, era sim, inimaginavelmente mais que isso. Beirava o non sense. Um circo das aberrações, contudo sem uma atração sequer, materialmente palpável, fisicamente tangível, confortavelmente perceptível ao tato. Não estava na esfera do que se convencionou chamar, “realidade”. Era uma mistura homogênea por força e tração, entremeada ao hemisfério específico do cérebro, incumbido de processar essa categoria de informação que neurônios conduzem sem dar importância, sem querer. Livre das regras, prisioneiro de si. Se ao menos fosse sem gosto, o mosto que perturba a razão, sem deixar rastros no caminho que o segue, tamanha a devastação.

Acordei, mas não parecia ser eu quem ocupava minha carne. Acordei mas não me convenci. Imaginei que aquilo não podia estar certo. Eu deveria ser capaz de convencer ao menos a mim. Lembrei-me da noite anterior, um monstro acompanhava essa lembrança, o monstro do constrangimento, da vergonha, queria virar para outro lado, fingir não vê-lo, mas seria uma tarefa fracassada no projeto, difícil digerir erros, a própria estupidez. Mais que isso, impossível fugir à própria consciência, e também àquela massa imperativa em forma de monstro que nem mesmo uma pessoa apenas minimamente dotada do sentido da visão, seria capaz de esquivar os olhos, a fim de não ser confrontada por seus atos mais nefastos.

Rodrigo.

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