Escrever sobre “bom senso” é algo complexo. Não se pode fazê-lo sem adicioná-lo ao texto, o que acaba tornando tal ato, um cansativo exercício de autocrítica. Como falar de consciência, sem ter consciência do que vem a significar tal termo? Ou melhor, o que falar se não há o que dizer?
Sempre há algo, se não a se dizer, ao menos a se pensar. Se vivemos e somos dotados de intelecto, como ignorar atos observados ou praticados? Como isolar da consciência, os resultados desses mesmos atos?
Há quem consiga. Há quem chame quem consiga tal filtragem de conteúdo pré-consciência, de psicopata. Há psicopatas, mas nem todos matam. O ser humano é complexo, e suas relações, assim como seus atos, previsíveis, moldados. Viramos massa, nem todo mundo consegue um espaço que permita respirar. Num sistema como este, as atitudes individuais adquirem poder irradiador.
A simples repetição de regras nos impõe certa docilidade. Quem não se adéqua, ou ignora (caso do mencionado psicopata) ou se coloca em situações de desconforto mental, tantos são os paradoxos e incongruências expostas abertamente aos olhos.
Por isso pensar dói. Dói porque a verdade dói. É melhor viver num molde programado, a pensar nas atitudes que vivencia e nas que pratica, ou em suas conseqüências. Seria essa a maior revolução da existência, sem armas, sem confronto que não de idéias, onde as posturas necessariamente deveriam estar repletas de bom senso, o melhor tempero da vida.
A revolução a partir do indivíduo. Não essa imposta por um líder, pois há indícios de que perdemos o poder e a vontade de decidir por nós mesmos, e preferimos delegar esse poder capaz de reprimir-nos, a alguém que estará acima do cidadão comum.
Bom senso é artigo raro. Coisa fina, de luxo, só quem pensa pode ter, e desacostumamo-nos a pensar.
Rodrigo
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