18 de outubro de 2010

Grande Otelo (ou Othelo), pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata (Uberlândia, 18 de outubro de 1915 — Paris, 26 de novembro de 1993).








O ator Jardel Jércolis criou para o amigo o apelido The Great Othelo que acabou pegando na versão traduzida pela metade. A língua portuguesa dispensaria o h do Othelo, como prefere Sérgio Cabral, o biógrafo convidado para assinar o livro "Grande Otelo uma biografia".

Uberabinha

Grande Otelo nunca soube em que dia exato ele nasceu. Escolheu a data de 18 de outubro de 1917 porque foi a do seu batizado. Sabia, sim, que nasceu na cidade de Uberlândia, que na época se chamava São Pedro do Uberabinha - ou simplesmente Uberabinha - e que era filho de Maria Abadia de Souza, empregada doméstica, e de Francisco Bernardo da Costa, conhecido na cidade como Chico dos Prata por ser empregado da fazenda da família Prata. Otelo nunca viu o pai, mas sabia que sua mãe ainda teria mais um filho de Chico, também chamado de Francisco, que morreria no início da década de 1970, em Brasília.

Seu nome também foi escolhido por ele. Primeiramente, foi Sebastião Bernardo da Costa, mas quando procurou o cartório para ter a certidão de idade, já na década de 1930, não só escolheu uma nova data de nascimento como o próprio nome. Manteve o Sebastião original, que a mãe lhe dera em homenagem ao filho da patroa, Sebastião, nascido dois meses antes dele, mudou o Bernardo para Bernardes em homenagem ao ex-presidente Artur Bernardes, de quem era admirador, manteve o Souza da mãe e acrescentou o Prata: Sebastião Bernardes de Souza Prata.

Grande Otelo foi alimentado pelos seios da patroa, Augusta Maia de Freitas, porque Maria Abadia não tinha leite. Considerava sua infância igual à de qualquer garoto: começou a estudar na escola Bueno Brandão, soltava papagaio, jogava bola, catava gabiroba e tinha medo de passar em frente ao cemitério. E, desde cedo, revelava a desinibição que abriria caminho para a carreira de artista: metia-se na conversa dos mais velhos e cantava para eles - principalmente para os hóspedes do Grande Hotel de Uberabinha- mediante o pagamento de um tostão por música.

Aos oito anos de idade, três fatos não deixaram dúvidas sobre sua vocação: viu o filme O garoto, de Charles Chaplin, e ficou fascinado com a atuação do menino Jacques Cougan; a passagem do circo Serrano na cidade, quando foi convidado a representar a mulher do palhaço numa pantomina, e ao fazer o papel de um filho de alemão numa peça apresentada por uma companhia de comédias vinda de São Paulo. Isabel e Abigail Parecis, mãe e filha e responsáveis pela companhia, gostaram tanto dele que pediram à Maria Abadia para adotá-lo. E Otelo foi entregue a elas, com papel passado, e levado para São Paulo.


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