27 de fevereiro de 2009

15 de junho de 2008.



Sim, por certo a sensação restritiva e impossibilitante provocada pela falta do vil metal, que em minha opinião, mais destrói do que erige coisas belas, é a mesma sensação que desperta em mim os sentimentos de depressão, angústia e toda a sorte de pensamentos dolorosos, martirizantes e desconfortavelmente aderentes que me rodeiam.
Venho já há um bom tempo fazendo uso contínuo de medicamento antidepressivo, e já pude perceber que coincidentemente ou não, quando ele me falta (seja por ausência de receita ou de grana), todas essas sensações são elevadas a potências que se intensificam em progressão geométrica de velocidade, chegando a atingir o ápice de minha angústia, cujo sintoma que mais me deixa combalido é a anulação total da minha já depredada auto-estima, sintoma despertado pela certeza que ocupa meus pensamentos de maneira invasiva e imperativa, de que vivo mais para atormentar as pessoas que me cercam, aquelas que nutrem por mim algum carinho ou apreço, do que para dar apoio e amparo a esses entes com quem convivo. A partir deste ponto, não tardo a concluir peremptoriamente, que ajudo mais morto do que coexistindo com os incontáveis mortais realmente importantes, pela maneira como se destacam ou não, mas que aparentemente não interferem de forma tão visceralmente nociva, marcante nas sensações de alegria e demais estados de felicidade e euforia, assim como de dor e de angústia, que quando expostas de forma enfática como que numa resposta direta à minha repreensível figura, arrombam com tanta violência os poucos espaços vazios que me sobram de abrigo, que preenchem o que resta de oco em minha memória já repleta de culpas e fracassos.
A carga chega a trespassar o limite do suportável, as válvulas de escape que escolho tendem a intensificar a ira de meus demônios interiores, e a arruinar de vez as esperanças, que à revelia de minha vontade, foram em mim depositadas com a certeza de quem não quer enxergar o óbvio, nessas situações percebo que sou fraco, que ainda não estou preparado para atender aos planos que pessoas já sofridas e amarguradas pelos meus atos projetaram para mim como o milagre divino ou a tábua da salvação. Aparece aí neste ponto, que as normas vigentes foram engendradas há séculos e séculos no passado, e que de fato não somos donos de nada, a menos que vistamos o uniforme do único time vencedor, aquele que se encontra enquadrado, já adaptado aos moldes referenciais de sucesso e status quo vigentes, e o fato é que não me enquadro, não por algum ideal romântico e pueril, não gosto de sofrer, nem procuro sofrer em minha busca pela minha plenitude existencial, nem tampouco é meu desejo impingir sofrimento a quem quer que seja com minhas peculiaridades existenciais, meus atos e jeito de ser despojado e de hábitos estigmatizados e sob certos aspectos, questionáveis, apenas não vejo sentido nessa “realidade” belicosa, que atropela tudo em prol de um suposto equilíbrio da paz mundial, ainda que a paz e a tão sagrada democracia norte-americana sejam impostas sob chuvas de armamentos cada vez mais precisos, mas que ainda assim continuam a bombardear aldeias de civis inocentes, além dos próprios aliados, quando não compatriotas. Pensando um pouco, lendo, meditando e recordando tudo que ocupa meus textos, minha vida, e minhas idéias e esperanças, chego à triste conclusão de que não vamos ao primeiro degrau de onde poderíamos chegar com todo potencial que no mesmo momento em que sabemos, existe em todo ser humano, parece cada vez mais débil em cada um de nós.


Rodrigo

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