Brasília, 07 de fevereiro de 2007.
Alguns dias nos trazem o sentimento de que se pudéssemos reverter a sentença definitiva da morte, valeria a pena passar uns tempos morto, ou morfético, entregue aos reinos de Morfeu. Entretanto o cronograma que passo a narrar foi, lastimavelmente, um dia que suscitou tal desejo. Acordar era só problema, dormir era só terror, pânico e pesadelo, mas como vez por outra nos vemos diante desta situação nada agradável, de ter que correr atrás, por que senão, seu nome é morto inda que escrito, tratei de ignorar todas as confusas e conflitantes sensações que se aglomeravam ao redor de minha cabeça, desviando a atenção necessária à execução de tarefas práticas ou objetivas, por assim dizer, e fui tentando não entrar em desespero, na frenética corrida atrás do Deus subjugador e cruel, que ao invés de acolher e orientar, trata com desdém os pobres mortais que dele não dispõe sequer para obter a felicidade não padronizada, e por vezes humilde.
Nada ajudava, o tempo sombrio que não deixava margem à especulação de quê período do dia estava acontecendo, suor descendo em bicas, e uma irritação incontida que acabava por aumentar ainda mais a sudorese. Precisava de um espelho, uma pia, assoar o nariz, e por não estar nem um pouco próximo de casa, e já sentir o anúncio de que meu intestino estava dando nós, causando um desconforto aliado a uma tremenda insegurança de não conseguir segurar a disenteria iminente, tratei de ser o mais objetivo possível, se tenho que ir a um banheiro público, que seja no templo do consumo contemporâneo, um bom e velho Shopping Center, daqueles cuja taxa de condomínio deve ser alta o suficiente para arcar com uma boa higienização dos banheiros, que nestes nichos costumam atender também pelos nomes de “sanitário” ou “toilette”, e onde certamente não iria gastar um centavo, considerando que as lojas ostentam produtos acima da faixa dos escassos recursos que tenho, e também por não sentir que nada nesses locais seja prioridade de consumo, ao menos para mim.
Há uma coisa que me atrai nesses ambientes, apesar de ser um sujeito tímido e bastante recatado, não consigo deixar de reparar nas belas figuras femininas que ali desfilam seus estereótipos, ou que apenas vestem um uniforme e vão trabalhar em alguma dessas lojas, onde uma peça pode chegar a valer meses de trabalho daquela personalidade repleta de incertezas, ou certezas equivocadas, anseios e dores, e toda a sorte de sentimentos que um ser humano pode carregar consigo, ainda que deles não se dê conta. Em certas ocasiões, chega a causar-me excitação aquele desfile sortido de jeitos e trejeitos, peitos, coxas e bundas, olhares, sorrisos, expressões, figurinos, e toda sorte de variação possível, desde que se tenha em mente o fato de que não há uma pessoa idêntica a outra, e cada ser humano é um universo em seu interior.
Rodrigo
Alguns dias nos trazem o sentimento de que se pudéssemos reverter a sentença definitiva da morte, valeria a pena passar uns tempos morto, ou morfético, entregue aos reinos de Morfeu. Entretanto o cronograma que passo a narrar foi, lastimavelmente, um dia que suscitou tal desejo. Acordar era só problema, dormir era só terror, pânico e pesadelo, mas como vez por outra nos vemos diante desta situação nada agradável, de ter que correr atrás, por que senão, seu nome é morto inda que escrito, tratei de ignorar todas as confusas e conflitantes sensações que se aglomeravam ao redor de minha cabeça, desviando a atenção necessária à execução de tarefas práticas ou objetivas, por assim dizer, e fui tentando não entrar em desespero, na frenética corrida atrás do Deus subjugador e cruel, que ao invés de acolher e orientar, trata com desdém os pobres mortais que dele não dispõe sequer para obter a felicidade não padronizada, e por vezes humilde.
Nada ajudava, o tempo sombrio que não deixava margem à especulação de quê período do dia estava acontecendo, suor descendo em bicas, e uma irritação incontida que acabava por aumentar ainda mais a sudorese. Precisava de um espelho, uma pia, assoar o nariz, e por não estar nem um pouco próximo de casa, e já sentir o anúncio de que meu intestino estava dando nós, causando um desconforto aliado a uma tremenda insegurança de não conseguir segurar a disenteria iminente, tratei de ser o mais objetivo possível, se tenho que ir a um banheiro público, que seja no templo do consumo contemporâneo, um bom e velho Shopping Center, daqueles cuja taxa de condomínio deve ser alta o suficiente para arcar com uma boa higienização dos banheiros, que nestes nichos costumam atender também pelos nomes de “sanitário” ou “toilette”, e onde certamente não iria gastar um centavo, considerando que as lojas ostentam produtos acima da faixa dos escassos recursos que tenho, e também por não sentir que nada nesses locais seja prioridade de consumo, ao menos para mim.
Há uma coisa que me atrai nesses ambientes, apesar de ser um sujeito tímido e bastante recatado, não consigo deixar de reparar nas belas figuras femininas que ali desfilam seus estereótipos, ou que apenas vestem um uniforme e vão trabalhar em alguma dessas lojas, onde uma peça pode chegar a valer meses de trabalho daquela personalidade repleta de incertezas, ou certezas equivocadas, anseios e dores, e toda a sorte de sentimentos que um ser humano pode carregar consigo, ainda que deles não se dê conta. Em certas ocasiões, chega a causar-me excitação aquele desfile sortido de jeitos e trejeitos, peitos, coxas e bundas, olhares, sorrisos, expressões, figurinos, e toda sorte de variação possível, desde que se tenha em mente o fato de que não há uma pessoa idêntica a outra, e cada ser humano é um universo em seu interior.
Rodrigo
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