20 de fevereiro de 2009

Grafar verbetes

Brasília, 28 de agosto de 2007.

Grafar verbetes em um papel, sem compromisso gramatical, tendo por objetivo pura e simplesmente, organizar o ulular de idéias, muitas delas relevantes para alguém (ainda que somente eu lhes dê relevância), outras tantas tampouco importantes, mas presentes, uma vez que o pavio já acionado desencadeia o processo, que tem origem nos sentidos, organizados por algum hemisfério cerebral, que através de processos metabólicos, que abrangem aspectos físico-químicos que por sua vez provocam reações, como esta tal proposta, grafar verbetes, oriundos dos sentidos, que por processos de metáforas, tanto químicas como fisicamente metabólicas, deflagram um estouro, que impulsiona tais idéias, ativando ferramentas como o braço, a mão, coordenação motora e da razão, motivo pelo qual digo: “-Às favas com a gramática!” Pois que nesses tais momentos, excreto tudo que penso, seja de utilidade prática ou não, como nos “recreios” da razão, em um bar com uns amigos, conversar descontraído, sem importar se o assunto faz parte do conjunto que acrescenta algo ao seu cabedal de referências, ou como é mais recorrente em tais casos, estabeleça-se aquela comunicação que objetiva o prazer, rir sem ao menos perceber que a piada que nesse momento ouve, já fora semana passada, e na outra, e nas demais, talvez até mesmo meses, anos, certamente há um bom tempo atrás, enfim, já não era nenhuma novidade, nem para ele, ou aquele, ou os demais da cidade, mas que a razão entorpecida por lapsos temporais, não se importa e nem sente nenhum constrangimento, em apagar alguns instantes para conforto do pensar e ao término da já surrada anedota, gargalhar hipnotizado, como se nunca houvesse ouvido algo mais cômico, que aquele conveniente esquecimento propiciou, afinal, causo tão bom como este, que deflagre em alto e bom som a espalhafatosa e incontrolável risada advinda de um largo e aberto sorriso, que a razão, entorpecida, não pré-julgou, não rotulou, e também não inibiu, aquela cena engraçada, uma mais que espontânea demonstração de bom-humor, surgida aparentemente do nada, mas que como dizem poetas, alegrias passageiras, entremeadas em tristezas rotineiras, e essa cena se esvai, a razão desperte e encaminhe sua sina, seus hábitos, trajetos, trejeitos e manias, te encaixando novamente, de modo tão sutil, que por vezes nem se sente, que já está dentro de novo, do mesmo ciclo vicioso, o dia a dia, o horário, o batente, apagando aquele sorriso, emudecendo a gargalhada de outrora, e transformando aquela espontânea alegria, em uma fuça medonha e sombria, que de tão embrutecida, já nem demonstra sentimentos, olha pra tudo ao seu redor, buscando alguém que transpareça uma dor, mais profunda que a dele, o que já é uma tarefa fracassada, pois aquele pobre diabo não quer ver nada, portanto nada compara-se à sua dor, que amalgamou-se em sua vida, mas que ao menos um dia futuro, volte a viver, ao menos aqueles momentos, em que o conforto dispensa o saber.
Rodrigo...

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