17 de agosto de 2009

A “Dor da (In)Existência”


Há muito sinto, e me ocupo de tentar entender isso a que chamo "Dor da Existência". E há muito ela me ocupa e por vezes, impede-me de existir. É muito claro que nem todos a experimentam, caso o fizessem, jamais esqueceriam. E me parece claro também, que somente é possível senti-la, mas não compreendê-la, oposto ao que ocorre na dor física. Uma distensão muscular, um trauma, sabe-se como surgiram. Tem um "porquê", uma pancada, uma colisão, uma queda... Já a "Dor da Existência", quando muito, sugere motivos injustificáveis, ou muito subjetivos, como uma paixão não correspondida. Mas não se entende porque é tão acachapante. Tão imperativamente submetedora em quem a sente.

É como se o corpo fosse inflando, ouve-se o batimento cardíaco, de dentro para fora, como a tal paixão não correspondida, e mata lentamente, mas com muita dor... Ela, a "Dor da Existência". A incompreensível e inquestionável, dada a maneira sufocante com que se impõe, e o efeito paralisante que subjuga o corpo, enquanto a cabeça se ocupa de transformar tudo que não seja sofrimento, em um martírio sem fim.

Dizem existir tratamento. Psicotrópicos, ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes e outras tantas fórmulas da química sintética. Pergunto-me: "Valerá à pena?" Sei que esses medicamentos erradicam ao menos, qualquer possibilidade de depressão e baixo astral para os laboratórios, a indústria química legalizada. Afinal, são medicamentos eternos, sempre associados a um tratamento psicológico. Uma terapia. Eternos no sentido de serem de uso contínuo, ou seja, como haver baixo astral no setor da indústria farmacêutica? Dá vontade de rir disso tudo às vezes. Mas aí nos classificam como loucos, idealistas, românticos, pueris... E tome comprimido. E, não raro, cachaça também. Mas isso de fato não ajuda ao cirrótico, no caso do tratamento de choque contra o sofrimento do instante. E no caso de quem não seja portador de nenhuma hepatopatia, o álcool alivia o momento, mas pode complicar tanto o futuro de quem vai fundo, que o sofrimento pode acabar exacerbando o suportável. Cada um sabe, ou ao menos deveria saber, de si.

Não chegarei a uma resposta hoje. Tento há semanas. Não há resposta. Cada qual com sua idiossincrasia. Viva a diversidade! Mas invejo quem não a sente. A famigerada "Dor da Existência".


Rodrigo

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