10 de dezembro de 2009

Caos Mental


Explosão iminente expressa no esfigmomanômetro. Pressão a mil. Borbulhas arrepiam os pelos das narinas e calafrios eriçam a pele, sensibilizando o cerne dorsal. Espocam flashes pujantes diante de meus olhos, fazendo cintilar luzes coloridas e de um brilho intenso em um pano de fundo formado por uma combinação de cores que vão girando em velocidade progressiva, até que se fundam produzindo uma tonalidade verde vômito reluzente. As pernas comportam-se como se finas e determinadamente ineficazes molas fossem frente à hercúlea tarefa de sustentar um enorme fardo de carne semimorta. Lágrimas provenientes de gargalhadas gosmentas estampadas numa face tomada pelo formigamento da pele que sugeria desespero e insanidade. A carne despregando-se dos ossos deforma a aparente sólida matéria. Nuvens de fumaça e um forte e ofensivo odor acre envolvem o confuso cenário. Zunidos metálicos ecoam num tilintar esganiçado como um solo de serrote desafinado. O deslizar lento de uma lâmina que indolentemente corta a pele provocando um estrago somente percebido ao fitar o escorrer escarlate do sangue pela pele refletido no espelho. Um pavor proveniente de uma sensação de estrangulamento das vísceras, que provoca desconforto ao destilar o desejo de estar morto. Suor abundante e fétido molha os trapos molambentos que cobrem meu pobre corpo, arauto deste cenário macabro. Até quando suportarei tal martírio?

O desenrolar do tempo traz consigo uma sensação de sedação. Prostração. Apatia ou lobotomia? Uma percepção pastosa que confunde as referências temporais, chegando a transparecer que o tempo inexiste. Sem ontem nem hoje. Muito menos o entendimento do agora. Onde terá se escondido o passado? Que importância poderia ter o futuro? Quão ínfima será a relevância do presente? Como enxergar a fronteira que delimita cada nuança desse caos que me envolve?

Por sorte esse tipo de estado em que me via inserido, não permitia que me afetasse. Percepções adormecidas do momento. Estava eu ali. Inerte. Imoto. Sem reação. Nenhuma questão haveria de ter importância para mim. Sequer concebia um conceito de “eu”. Se não estivesse completamente incapaz para qualquer raciocínio, decretaria minha morte cerebral naquele exato momento. No entanto o “Tempo”, a entidade mais próxima de um conceito razoável de “Deus”, aquele que decide por nós quando não nos é facultado decidir, certamente me daria alguma espécie de socorro, algum conforto, se fosse eu capaz de deixá-lo apresentar-se sem atropelos e ansiedades, com a sabedoria da paciência, e a humildade imposta pelo “não poder querer”.

Rodrigo.

Para minha parteira.

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