Casquinhas de leprosos al dente, pústulas em erupção como bisnagas de maionese para uso em culinária. Plasma e glóbulos de baixa coagulação e vísceras extirpadas cirurgicamente para o recheio de morcelas (produto misto de sangue e miúdos humanos vistoriados pela vigilância sanitária, tendo estampado o selo de qualidade na mercadoria oriunda de sobejos hospitalares). Bile para ajudar na digestão. Não! Não é ladainha de chef. Não é o belo e ‘delicado da vida’, não é uma sublime receita gastronômica. É agonia de enfermo, vômito de bêbado, escarro de tuberculoso. Uma cor verde morta, um pouco arroxeada e metálica, com um brilho tão somente reproduzível pelo laboratório metabólico humano. Patologias tão asquerosas que abotoam o estômago de um avestruz, e que fazem refém um corpo que agoniza tomado por feridas expostas, hematomas, pus, palidez e mau cheiro.
Poderia seguir a narrativa como se estivesse a montar uma lasanha. Alternando e sobrepondo ingredientes. Mas acredito que a boa trama, certamente não se compõe apenas de ingredientes vicejantes e saborosos. Distante disso, agrega temperos indigestos também. Alguns intragáveis até. De dar náusea. Isso enriquece o resultado. Expõe as diversas facetas do contexto. Já na cozinha, somente se atreva se apreciar o ofício, contar com bons ingredientes, escolhidos um a um, de qualidade evidente, e obviamente, das ferramentas e espaço necessários à execução prática da arte culinária. Essa combinação tem boas probabilidades de sucesso.
Já não sei mais se ando sendo muito... Eu mesmo. Algo do tipo: “o que ando fazendo, que considero importante?” ou ao menos: “o que estou fazendo por mim?”. Bom, sei que ando tentando não apagar. No sentido de não ‘abotoar o paletó de madeira’, ‘comer capim pela raiz’, ‘pegar o bonde pra terra dos pés juntos’. E, nesse sentido, constato que é comendo pelas beiradas que se nada de braçada, e nada como um tempo após um contratempo, como sabiamente cantou Julinho de Adelaide.
Tenho considerado as manhãs desse atual contexto pelo qual passo, um tanto complexas. Sinto mesmo uma dificuldade ao acordar pela manhã, e tomar pé da situação, ir atrás do leão diário que se mata para se manter vivo. Vou buscando as referências, minhas coordenadas, me estendo um pouco mais à cata de motivos pra não ficar ansioso e entrar naqueles estados depressivos de olhares perdidos no espaço, sem foco em nada aparente, e de um fustigante e paralisante vazio existencial.
Rodrigo
Poderia seguir a narrativa como se estivesse a montar uma lasanha. Alternando e sobrepondo ingredientes. Mas acredito que a boa trama, certamente não se compõe apenas de ingredientes vicejantes e saborosos. Distante disso, agrega temperos indigestos também. Alguns intragáveis até. De dar náusea. Isso enriquece o resultado. Expõe as diversas facetas do contexto. Já na cozinha, somente se atreva se apreciar o ofício, contar com bons ingredientes, escolhidos um a um, de qualidade evidente, e obviamente, das ferramentas e espaço necessários à execução prática da arte culinária. Essa combinação tem boas probabilidades de sucesso.
Já não sei mais se ando sendo muito... Eu mesmo. Algo do tipo: “o que ando fazendo, que considero importante?” ou ao menos: “o que estou fazendo por mim?”. Bom, sei que ando tentando não apagar. No sentido de não ‘abotoar o paletó de madeira’, ‘comer capim pela raiz’, ‘pegar o bonde pra terra dos pés juntos’. E, nesse sentido, constato que é comendo pelas beiradas que se nada de braçada, e nada como um tempo após um contratempo, como sabiamente cantou Julinho de Adelaide.
Tenho considerado as manhãs desse atual contexto pelo qual passo, um tanto complexas. Sinto mesmo uma dificuldade ao acordar pela manhã, e tomar pé da situação, ir atrás do leão diário que se mata para se manter vivo. Vou buscando as referências, minhas coordenadas, me estendo um pouco mais à cata de motivos pra não ficar ansioso e entrar naqueles estados depressivos de olhares perdidos no espaço, sem foco em nada aparente, e de um fustigante e paralisante vazio existencial.
Rodrigo
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