15 de agosto de 2010

Post Mortem


Sozinho, sempre fui sozinho. Quando quis alguém, sempre me fudi. Estou agora então, doente, sozinho, triste, sofrendo, envelhecendo sem acreditar em nada e muito menos em alguém. Já fui casado, com uma boa mulher, que nunca mereci. Afora essa, amei outra mulher, que me maltratou como a um cachorro sem dono, sarnento. Foi quando vi que devia seguir sozinho, e abreviar minha agonia. Sou do tipo que sofre, sem motivo mesmo, se me dão um motivo... Nunca consegui me levantar do desprezo que enfrentei ao amar essa mulher. Não consigo esconder minha paixão, sofro muito por ser tão estúpido, acreditar em gente sempre foi um grande erro. Agora fico aqui, contando os minutos, olhando uma barata que vai subindo pela parede. Sozinho. Há uns tempos, acharam uma patologia crônica em minhas entranhas, já deveria ter partido, sou covarde, não consigo me matar, então segui o tratamento que me foi indicado, agora, depois de passar por tanta desgraça, depois de jogar na privada todo amor que tinha, pensei que não devo mais seguir tentando aumentar meu tempo de vida. Fiquei doente naturalmente, vou deixar que a doença me leve sem resistência também. Eu choro às vezes, passo a maior parte dos meus dias, sozinho e triste. Acabou-se meu ânimo. Saber que vou morrer só e doente, me deu pressa. Afinal, pra que esperar ficar doente, velho e sozinho? Não tenho mais trinta anos, mas ainda sou forte, e tenho acompanhado de perto o envelhecimento de pessoas próximas, o que além de tristeza, me dá medo. Meu medo é de envelhecer, doente, triste, sozinho e louco (sinto que estou perdendo a razão). Queria ter alguém pra dar cabo do meu corpo quando eu partir. Viver, pra mim, é ser triste e dar trabalho. Tomara que dê o mínimo trabalho possível, poderiam jogar meu corpo numa lata de lixo, um funeral condizente com minha vida, com o que sou... (talvez continue)

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